Patrinando

Jaloo: cristal paraense do pop

21 de maio de 2019

Não sei como exatamente comecei a ouvi-lo. Talvez por ter lido muitas vezes o nome dele aparecendo na minha timeline do Twitter ou nos stories do Instagram printados do Spotify. Mas lembro como foi o impacto de começar a escutar Jaloo. Fiquei extremamente surpresa. Leveza, letras certeiras e poéticas e ritmo dançante. Tudo isso não deixando de lado as influências rítmicas da terra natal, Pará.

Dor, subversão, preconceito, migração, dilemas existenciais e relacionamentos: Jaloo retrata tudo isso de forma tão sincera e elegante que passa a impressão de que vivemos e sentimos tudo juntos. É como se fosse um velho amigo contando tudo que passou em uma mesa de bar. É familiar e, simultaneamente, novo. 

Os clipes também são extremamente criativos. O meu preferido do momento é Last Dance: só as expressões faciais mostrando a agonia de uma vida inteira. Fascinante e trágico. A parceria com Mc Tha, Céu Azul, deixa claro que eles são estrelas em ascensão que realmente merecem ocupar os holofotes. Quando escrevo estrelas, não fiquem com impressão de que são inalcançáveis, longe disso. Sabe que, para brilhar, precisa dos outros, como da amiga Mc Tha, por exemplo. É nítido como Jaloo possui luz própria. É original e simples. Mas não é uma simplicidade pobre. Na verdade, é uma antítese: como ter uma obra complexa, no sentido de conjuntura com vários aspectos coerentes, e mesmo assim, aparentar simplicidade?

O pop atual brasileiro tem muita gente boa com obras densas e ricas. Jaloo mostra que o pop não precisa ser genérico. Dá para ser autêntico sem a arrogância e uniformidade tão comuns no gênero. Até a próxima coluna, ou como canta Jaloo, Say Goodbye

 

 

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