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Bohemian Rhapsody: realidade ou fantasia?

15 de dezembro de 2018

Categoria: Filme;
Gênero: Biografia, Drama, Música;
Duração: 134 min;
Roteiro: Anthony McCarten, Christopher Wilkinson, Peter Morgan e Stephen J. Rivele;
Sinopse: Freddie Mercury (Rami Malek) e seus companheiros, Brian May, Roger Taylor e John Deacon mudam o mundo da música para sempre ao formar a banda Queen durante a década de 1970. Porém, quando o estilo de vida extravagante de Mercury começa a sair do controle, a banda tem que enfrentar o desafio de conciliar a fama e o sucesso com suas vidas pessoais cada vez mais complicadas. (Filmow)

“Is this the real life? Is this just fantasy?” é o trecho inicial da clássica música do Queen, Bohemian Rhapsody, que dá nome ao filme sobre a relação de Freddie Mercury, considerado a melhor voz do rock, com a banda. O filme saiu neste ano, 2018, e foi dirigido por Bryan Singer. Está sendo um sucesso no mundo todo, embora parte da crítica não tenha aprovado tanto assim. Porém, não faço da grande mídia jornalística e vou analisar como fã. Assim como o trecho inicial da música diz, algumas partes são fantasias e foram claramente mudadas. Por exemplo, a cronologia dos fatos. A primeira edição do Rock In Rio, que ficou famosa pela multidão cantar totalmente ”Love of my life” ocorreu em 1985. Mas no filme, foi adiantado para o início dos anos 80 para não atrapalhar o enredo.

E há também a realidade: o relacionamento romântico e a amizade com Mary Austin, como a banda se reunia, as festas históricas que Freddie Mercury dava e o namoro com Jim Hutton até o fim da vida. Além de mostrar a família: na verdade, o nome dele era Farrokh Bulsara, de origem indo-pársi, que nasceu em Zanzibar.

Detalhes

As caracterizações estão incríveis: Gwilyn Lee  é uma cópia do Brian May, mesmo não tendo semelhanças físicas aparentemente. Assim como Joe Mazzello está bem parecido com John Deacon. Ben Hardy ficou ótimo como Roger Taylor. Entretanto, o que mais me surpreendeu foi Rami Malek. Confesso que estava extremamente desconfiada, já que interpretar Freddie Mercury é quase impossível. Quebrei a cara. E gostei disso.

Para quem curte música, tem alguns easter eggs. A figura de David Bowie, com quem o Queen fez “Under Pressure”, aparece rapidamente duas vezes. Toca música brasileira em cena passada no Rio de Janeiro. Little Richard é mencionado como uma das influências do vocalista do Queen. Outra curiosidade: a cena do Live Aid foi gravada em um take só. E está exatamente igual, acredite em mim. Já vi esse show mais vezes do que alguns parentes na minha vida.

Cena polêmica

A orientação sexual de Freddie sempre foi considerada um mistério. Pois com seu jeito escandaloso, figurinos chamativos e idas às baladas LGBTs inglesas, ele era e ainda é considerado gay. Ainda mais tendo um hit como “I want to break free”, composta por John Deacon, entretanto interpretada erroneamente como uma “saída de armário”. Porém, a mesma banda canta músicas como “Fat Bottomed Girls”, dedicada às mulheres, especialmente às gordas. Existe uma cena em que ele conta pra Mary Austin, que era esposa dele e para quem foi “Love of my life” foi dedicada, que achava que era bissexual. Ela, surpresa e brava, diz que ele era na verdade, homossexual.

Essa cena ficou ambígua. Assim como o Freddie Mercury era. Acredito que por ele ter amado verdadeiramente Mary Austin e o Jim Hutton, a bissexualidade não deve ser apagada. E não foi. Ele teve relacionamentos com homens e mulheres durante a vida (até ficou com a Carrie Fisher, famosa por interpretar a Princesa e General Leia nos filmes de Star Wars). O filme deixou claro o quanto ele amou os dois.

Interpretação pessoal

Eu me coloquei no lugar dele: imagine se confessar para o amor da sua vida dizendo que é bissexual. E aí, pessoa fica furiosa e fala que, na verdade, você é gay. Qual seria sua reação? A dele foi ficar calado, triste e retraído. Afinal,  queria manter Mary como amiga. Outros talvez gritariam ou iriam embora.  Todavia, a família e os mais achegados de Freddie o descrevem como uma pessoa reservada e leal com quem gostava na vida pessoal. Fiquei contente por terem mencionado a palavra ”bissexual”. Parece que há um certo receio da mídia em tocar nesse termo. Normalmente usam frases como ”prefiro não usar rótulos”, ”gosto de pessoas” ou ”amor não tem gênero”. Mas não em Bohemian Rhapsody. Freddie Mercury era virginiano, vivia com várias dúvidas e certezas absolutas. Creio que, apesar dele nunca ter declarado, se considerava bissexual.

Então…

Vale a pena assistir o filme. É certamente um entretenimento de qualidade. Se você é fã do Queen, provavelmente vai gostar. Caso você não conheça muito, acho que vai virar fã. Queen era a banda dos desajustados, daqueles que ficam no fundo da sala, excluídos, escandalosos e quietos. Ou quem simplesmente não se enquadrava em uma só classificação. Acho pobreza classificar a banda meramente como rock. É música de alta qualidade. Com tristezas, alegrias, danças e magia. Ouça não importando seu humor: Queen tem música para todos os momentos. E o filme reflete isso. Dumbledore, professor de Harry Potter, diria que as palavras são a nossa maior fonte de magia. Música também é feita de palavras. Freddie dizia: ”It’s a kind of magic…”

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1 Comment

  • Reply Rocketman: Elton John transparente e explosivo | Ré Menor 22 de junho de 2019 at 10:12

    […] Bernie Taupin, e Richard Madden, que faz o diretor musical John Reid. O curioso é que em Bohemian Rhapsody, cinebiografia do Queen, Reid também aparece e é interpretado por Aidan Gillen, famoso por ser o […]

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