Azar Crônico

Rondônia: fazendo as pases com o meu estado

4 de julho de 2019

Nasci e cresci em Porto Velho, Rondônia. E confesso que em boa parte da minha história, também culpei o estado. Também culpei a falta de mercado para a minha profissão. Também pensei que ir para outros polos me faria alguém melhor. Me abriria mais espaço. Me faria atingir novos níveis. Mas, de coração aberto aqui, preciso dizer que fazer as pazes com Rondônia foi uma das melhores coisas que eu já fiz. Entretanto, sei que a maior parte dos leitores do blog são de outras regiões. E, de ante mão, ressalto que nossas realidades são bem distantes. É exatamente por isso, que preciso contextualizar um pouco. Sendo assim, vamos do começo? 

Porto Velho é uma capital, mas tem uma vibe bem interior. Os núcleos são bem específicios e meio que todo mundo conhece todo mundo. Portanto, nem preciso destacar que o ex de um, geralmente é o atual de alguém bem próximo.  A cabeça das pessoas ainda é bem limitada sobre profissões, forma de se vestir, sexualidade e outras coisas mais naturais em outras regiões. Todo mundo meio que sabe da vida de todo mundo também. A gente precisa ter ânimo para trabalhar debaixo de um sol escaldante. O transporte público é escasso e caro para caramba. A maior parte da população que vive aqui, não nasceu em Rondônia. Na verdade, a população que nasceu aqui está chegando aos 30/40 anos agora. Nós só nos tornamos estado em 1981. Você tem noção disso? Rondônia tem 38 anos. Enquanto São Paulo e Rio de Janeiro tem mais de 400 anos. Entende?

Por que veio, então? 

Era de se esperar que um estado tão novo ainda estivesse anos luz atrás de outros como esses citados acima. Afinal, somos bebês perto de outros tantos por aí. Sem contar que, como disse ali também, a maior parte da população é de fora. A maioria veio a trabalho. Extrair todas as oportunidades que temos aqui e, provavelmente, voltar para o estado de origem, nem que seja para passar todos os dias de férias. São essas pessoas que não valorizam o estado. São essas pessoas que diminuem nossa capacidade. São essas pessoas que espalham a ideia de que o mundo lá fora é muito melhor que aqui. Mas, se a grama do vizinho é tão mais verde, o que você veio fazer aqui? 

Eu sou rondoniense e já tive minha fase de acreditar que só seria alguém depois que fosse embora daqui. Já vi muita gente ir. Assim como também vi muita gente voltar, por que o mundo lá fora não é tão mais verde que aqui. E, mesmo que eu conheça muita gente que desvaloriza e fala mal do estado, já vi muita gente que veio de fora e nunca mais quis voltar. Meu pai mesmo, veio de São Paulo para morar aqui por 2 anos. Passou 20 e não tinha a pretensão de voltar para lá de jeito nenhum. Por que o erro não está no estado. Não está nas terras fertéis daqui. Não está nas oportunidades de trabalho que oferecemos. O erro está na mentalidade de quem vive aqui. 

A sua grama pode ser verde também 

A beleza de um estado está muito mais nos olhos de quem vê, do que nele em si. Rondônia tem riquezas naturais inimagináveis. Rondônia, por estar só começando, tem portas abertas para milhões de oportunidades. A geografia não manda mais em ninguém. Não é o seu estado de origem que vai fazer você ser ou deixar de ser reconhecido. É a sua força e dedicação em buscar o que deseja. E, meu amigo, se uma coisa eu posso afirmar, é que o povo rondoniense é destemido e pioneiro mesmo. Se a gente arregaça as mangas todos os dias, debaixo de um sol gritante, para ir atrás dos nossos sonhos, nada mais pode nos parar. Sendo assim, do que depender de mim, o nome de Rondônia ainda vai muito longe para servir de orgulho para muita gente. 

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