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Quem matou Eloá?: a romantização do feminicídio

21 de julho de 2018

Gênero: documentário; 
Ano: 2015;  
Direção: Lívia Perez; 
Sinopse: “Quem matou Eloá?” traz uma análise crítica sobre a espetacularização da violência e a abordagem da mídia televisiva nos casos de violência contra a mulher, revelando um dos motivos pelo qual o Brasil é o sétimo num ranking de países que mais matam mulheres. (Filmow)

O caso Eloá

Eloá era uma adolescente de 15 anos, em 2008. Após terminar o relacionamento conturbado de 2 anos e meio, Eloá foi perseguida pelo ex-namorado, Lindemberg. O rapaz chegou ao ponto de sequestra-la, dentro do apartamento em que a menina morava com os pais, por mais de 100 horas. O sequestro só foi interrompido após a policia explodir a porta, pois alegaram ter ouvido disparos. O caso teve grande repercussão no país e a imprensa ficou muito em cima. Portanto, varias falhas foram cometidas, culminando na morte de Eloá e em um tiro no rosto de sua melhor amiga, Nayara. 

Afinal, quem matou Eloá?

Em Quem matou Eloá? a diretora juntou militantes feministas, uma defensora pública, uma professora e o promotor do caso para assistirem a cobertura da imprensa em 2008. Esse foi um dos documentários mais interessantes que eu assisti no meu tempo de faculdade. Estudei jornalismo e, como o documentário é todo direcionado para a atuação da imprensa, foi muito importante avaliar a ética da imprensa. Primeiramente por que foi muito chocante rever essa cobertura e me deparar com tantos erros. Tudo o que eu tinha aprendido a pouco sobre ética na profissão, ficou claro que não é seguido no dia-a-dia. É o tipo de coisa que te faz repensar de maneira crítica sobre o conteúdo que anda consumindo. E que, naquela época, me fez pensar muito sobre seguir ou não a carreira. Além disso, o debate gerado no documentário nos faz observar outros pontos.

A romantização do feminicídio, algo extremamente frequente, infelizmente. Comentários como: “ele é um rapaz trabalhador” ou “é tudo por amor” ou, para piorar, “espero que tudo acabe em pizza e eles se casem” foram ditos durante o sequestro. Como você pode desejar que uma menina de 15 anos queira se casar com o seu sequestrador. Mas também nos faz observar mais atentamente outros detalhes. Como, por exemplo, aonde o Lindemberg atirou, tanto na Eloá, quanto na Nayara. Na Eloá, os tiros pegaram na cabeça e na virilha. Enquanto na Nayara pegou no rosto. Pode parecer irrelevante, olhando assim. Mas, em crimes de feminicídio, rosto e partes genitais são os primeiros pontos a serem atacados. Isso mostra a intenção de um homem em se fazer superior, de querer desfigurar. O clássico: não vai ser minha, não vai ser de mais ninguém. 

Assistam esse documentário! Ele está disponível no youtube e levanta reflexões muito importantes!

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