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Aline & Eu: Um tapa no preconceito

26 de novembro de 2017

Há três anos atrás, eu me apaixonei. Acho que já citei isso em alguns textos anteriores, mas existem detalhes importantes que desejo compartilhar. É, de longe, o relacionamento mais diferente do que eu esperava e também o mais sério. Algumas pessoas estão destinadas a se encontrarem e isso acontece, cedo ou tarde. Mas existem relacionamentos que sofrem mais para acontecer por causa de preconceito, mas nada segura o amor verdadeiro. Há três anos atrás, eu me apaixonei pela Aline. E esse texto vai falar sobre tudo que enfrentamos desde aquele dia.

Para mim, nunca houve razão na voz das pessoas que julgam os relacionamentos alheios. Desde casais com idades diferentes, cores de pele variadas ou casais do mesmo sexo. Eu fui criada de uma maneira que me permitia ter a mente aberta, não estava presa a crenças fortes ou uma família que tratava o preconceito como algo comum. Amor sempre é amor, isso parecia o correto de se acreditar. Eu nunca entendi as pessoas que sentiam ódio do diferente e partiam para agressões verbais e físicas. Durante vinte anos, segui a lei de que “se o próximo está feliz nesse relacionamento, quem sou eu para questionar?” Até que eu conheci a Aline.

“No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é…

Como sabemos que somos gays? Nascemos assim, mudamos durante a vida ou é algo que pode acontecer em determinado momento? Até hoje eu me pego pensando muito sobre isso. Eu ouvi colegas dizendo que eu me transformei quando beijei uma garota. Transformação? É tipo mágica, então? Não, não é! Pra mim, foi como se eu tivesse encontrado algo que sempre faltou na minha vida. Eu vi nela, o que faltava em mim e interesses muito parecidos. Éramos tão parecidas, mas tão diferentes. Virar amiga e ficar próxima foi simples, quando vi estava contando meus segredos e sentindo saudade. Então, um dia, eu percebi que era amor. Que apesar de ter me interessado por garotos durante toda a minha vida, eu estava apaixonada por uma garota. Foi assustador, mas foi certo. Eu queria ela ao meu lado, eu sabia que teria que enfrentar muita coisa, mas eu não ia desistir.

Eu decidi escrever sobre o assunto, porque li um relato de um rapaz que frequentava a igreja e que passou toda a sua vida acreditando que amor entre duas pessoas do mesmo sexo era algo errado. Até o dia em que ele entendeu que seu julgamento não ajudava, que pessoas que se assumem já enfrentam muita coisa e assim, ele se assumiu gay por um ano para sentir essa experiência. Ele perdeu amigos, ouviu comentários terríveis sobre sua opção e juntou tudo isso em um livro. Uma forma de dar consciência para outras pessoas. Ensinar que tentar converter uma pessoa assumida, não é ajuda.

…e outras, que vão te odiar pelo mesmo motivo.”

Ediane Wunderlich

Diariamente, milhares de casais e solteiros sofrem preconceitos pelo amor que sentem, pela maneira como decidiram se vestir, se enxergar e como viver. É como se estivéssemos fazendo algo errado, ilegal ou imoral. Ouvimos religiosos dizendo que vamos queimar no inferno, recebemos olhares tortos e ouvimos pessoas falando alto que a nossa geração está perdida. Isso machuca, muito! Não queremos aprovação de ninguém, queremos respeito. Queremos sair na rua sem medo de violência, física/verbal, e sem sermão. Queremos ser tratados normalmente.

Depois que comecei a namorar, eu senti que estava no caminho certo. É claro que perdi amizades por preconceito, vi pessoas mudando de atitude comigo depois que descobriram que namoro uma garota. Ouvi comentários sobre como não pareço lésbica ou se namoro uma garota porque não achei um cara certo ou porque sofri algum trauma profundo com o sexo oposto. Escutei pessoas alertando que iríamos queimar no inferno e outras que dizem não ter preconceito, que vão respeitar, mas que agem como se estivessem cegas para a minha escolha. Dói muito mais quando o preconceito vem de dentro de alguém que dizia nos amar, mas superamos e ficamos mais fortes. Conheci pessoas incríveis nesses últimos três anos, que nos aceitam e transmitem muitas energias boas e amor incondicional sempre que precisamos.

No final das contas, somos muito felizes. Um casal nerd que vive discutindo filmes, séries e jogos. Que adora ficar assistindo Netflix em vez de sair na sexta-feira de noite. Acredito que não precisamos de nada além do amor e do respeito que todo mundo merece. O mundo é um lugar muito duro para ficarmos contra nós mesmos por algo tão bom e mágico como o amor. Se você está passando por uma situação difícil em casa para se assumir, seja forte e não desista de quem você é. A tempestade passa para todos.

A matéria que inspirou esse texto pode ser lida aqui E eu vou adorar se você compartilhar esse texto para ele alcançar pessoas que precisam de alguma ajuda nessa questão. Juntos, somos muito mais fortes.

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